Ao longo dos anos, o debate sobre a qualidade dos técnicos brasileiros no futebol nacional é um tópico recorrente. Mas foi em 2014, com a histórica goleada de 7 a 1 sofrida pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo, que o debate entre técnicos brasileiros e estrangeiros ganhou mais força.
Na época, apenas um técnico estrangeiro dirigia um clube da Série A: o argentino Ricardo Gareca, que estava à frente do Palmeiras. Todos os outros 19 treinadores eram brasileiros, incluindo nomes como Marcelo Oliveira, no Cruzeiro, Abel Braga, no Inter, Muricy Ramalho, no São Paulo, e Mano Menezes, no Corinthians.
Após o 7 a 1, a pressão sobre os técnicos brasileiros aumentou. No entanto, mesmo com a crise, os estrangeiros não ganharam espaço de cara. Na primeira rodada do Brasileirão 2015, apenas o uruguaio Diego Aguirre, no Inter, desafiava o domínio de treinadores locais.
Em 2016, houve um salto para três estrangeiros no início do Brasileirão: Diego Aguirre, no Atlético-MG, Paulo Bento, no Cruzeiro, e Edgardo Bauza, no São Paulo. No entanto, no Brasileirão seguinte, os estrangeiros voltaram a ficar de fora da rodada inicial da Série A.
Com números parecidos nos anos seguintes ao 7 a 1, a presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro só aumentou de vez a partir de 2019. O motivo principal foi o sucesso de Jorge Jesus, no Flamengo, e Jorge Sampaoli, no Santos.
Em um período de 16 anos, entre 2003 e 2018, apenas 17 técnicos de fora do país haviam passado por clubes da elite do Brasileirão. Entre 2019 e 2023, já foram 37 técnicos gringos em clubes da Série A. O auge dessa tendência aconteceu no Brasileirão de 2023, quando a elite do futebol brasileiro chegou a ter 11 "gringos" empregados como técnicos.
Atualmente, a Série A de 2024 conta com 12 treinadores brasileiros e oito estrangeiros. A divisão pode mudar a depender das escolhas de Corinthians, Vasco e Athletico-PR - todos com interinos no momento.
O 7 a 1 da Seleção Brasileira pode ter sido um divisor de águas no debate sobre a qualidade dos técnicos brasileiros. A goleada trouxe questionamentos à habilidade dos comandantes brasileiros e levou a um aumento na presença de técnicos estrangeiros no país.
A tendência de contratação de técnicos estrangeiros está longe de ser reversível. No entanto, é importante lembrar que a qualidade dos treinadores é apenas uma das variáveis para o sucesso de um time. O futebol brasileiro precisa encontrar um equilíbrio entre a qualidade técnica e a identidade cultural do país.
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